Evolução digital no pós-pandemia: exigência e alta competitividade

A automatização deu às empresas ferramentas que potenciam a sua relação com o Cliente, quem o diz é Nadim Habib, consultor e professor da Nova SBE. Mas quem adota o mundo digital, aquilo que faz acima de tudo, é ser melhor do que a concorrência.

Vivemos a melhor oportunidade dos últimos tempos numa perspetiva de negócio digital, mas para conseguir lá chegar de forma consciente e estratégica, há vários obstáculos que temos de ultrapassar. O estudo “Novos Desafios Digitais, a Gestão das PME”, realizado pela PHC em parceria com o Expresso, indica que há 84% das empresas que afirmam não ter recursos para fazer a transição digital e 75% não consegue distinguir as diferenças entre os vários softwares de gestão disponíveis no mercado. Números que são um alerta para a evolução digital de um país onde oito em cada dez empresas ainda não vende na Internet. Mais do que adquirir um software de gestão, é importante compreender quais os problemas que ele irá resolver. É fundamental que a empresa seja o seu próprio ponto de partida e que veja nele uma forma de completar e potenciar a sua atividade comercial. Há muitos anos que sabemos que “every business is a software business” mas, hoje, este facto é uma evidência incontornável: é necessário que os gestores olhem para o seu negócio como um negócio de software pois, só assim, poderão obter do próprio software as respostas de que precisam.

Acelerar o processo de tomada de decisão resulta em clientes mais satisfeitos, crescimento de vendas e, normalmente, melhoria dos resultados.

Nadim Habib, consultor e professor na Nova SBE, foi protagonista de um evento na recém-inaugurada House of Digital Business da PHC, onde muito se falou de gestão, estratégia e das bases que permitem redesenhar uma nova forma de organizar e de trabalhar, fazendo da evolução digital o caminho para o sucesso.

“Não é preciso ter formação superior para ser um bom gestor”

Muito se fala das características que um bom gestor precisa de ter para conseguir gerir um negócio sustentado e sustentável. Segundo Nadim Habib, para ser um bom gestor “é preciso ter alguma disciplina à volta de alguma práticas de gestão”. O que realmente corre mal em Portugal, na sua opinião, é que os gestores, “em vez de seguirem esta disciplina, acham que a gestão é mais uma arte – e eu não tenho nenhum problema com a arte –, mas a arte é muito subjetiva.” Quando se lidera uma empresa e precisamos de pessoas e clientes alinhados “não se pode fazer arte e tenho de fazer ciência”. Ou seja, só com disciplina e ciência é possível escalar o negócio: “Todos os gestores querem escalar o seu negócio, fazer o negócio crescer para além de si próprios e possibilitar que não dependa tanto deles próprios para, assim, ter mais rentabilidade. Devemos olhar para as melhores práticas e implementá-las com enorme disciplina.”

Que boas práticas são estas? E como podemos implementá-las na empresa?

Para Nadim Habib, as empresas podem ser uma inspiração para que os seus clientes explorem diferentes opções: “Como empresa temos duas responsabilidades diferentes, uma é criar os melhores produtos, capazes de melhorar ao máximo a vida dos nossos clientes. Mas também podem agir de forma a inspirar os Clientes a melhorar. Por vezes, temos tendência para nos esquecermos desta segunda hipótese mas, no caso da PHC, claramente não é esse o caso.”

A pensar desta adaptação ao novo paradigma, a Deloitte partilhou o modelo “Resilient Leadership” que pode ser utilizado como guia para ajudar as empresas no processo de recuperação das consequências trazidas pelas pandemia. Nesse sentido, são cinco as questões chave que os gestores devem ter em consideração na fase de resiliência das empresas:

  1. Resiliência como forma de estar: Quais as lições que a pandemia trouxe ao negócio?
  2. Mudança de mentalidade: de hoje para amanhã: Como reinventar o negócio?
  3. A única certeza é… a incerteza: Qual o impacto das incertezas no plano de recuperação e de futuro?
  4. Confiança como catalisador da recuperação: Em que áreas é que a confiança deve ser desenvolvida?
  5. Antecipar o destino: Quais os fatores críticos que podem modificar este horizonte temporal?

“No passado, houve a tradição de tratar o processo de informação separado do processo de gestão”

Rogério Canhoto, Chief Business Officer da PHC.

Ressalva que o impacto da pandemia “criou novos hábitos de consumo e transformou empresas e negócios”. Quando todo o mundo fechou, o canal digital transformou-se no único disponível para continuar a vender, facto que se explica porque “a maioria dos gestores são emigrantes digitais, criaram os seus negócios há 20, 30 ou 40 anos atrás e chegaram ao sucesso num mercado tradicional, onde nem se falava de digital.” Para Nadim Habib é evidente que nos últimos dez anos os gestores sentiram uma necessidade de tomar decisões e que, esse facto criou a necessidade de ter de tomar “mais decisões, cada vez mais depressa” e, para que isso aconteça é preciso ter “melhor informação”. Por isso, não tem dúvidas: “Temos de começar a mudar a nossa hesitação em relação ao software de que precisamos para gerir o nosso negócio, compreender que este software alinhe com o meu negócio e faça a gestão da informação de que preciso para a tomada de decisão. Neste caso, não se trata de um processo mas sim de agilizar as empresas.” Segundo o jornal Expresso, até 2030 pretende-se que 80% dos europeus tenham competências digitais básicas. A transição digital é um forte acelerador da recuperação económica, mas é importante resslvar que a digitalização das empresas não significa a sua informatização. Para Daniel Traça, reitor da Nova SBE, na talk que apresentou no PHC Open Minds 2021 transmitida pelo Observador, “a transformação digital não é instalar o Teams ou o Zoom, criar um website ou mesmo instalar um workflow para reduzir pessoal”, adiantando que “a questão mais importante é a cultura que se cria: mais inovadora, mais descentralizada, mais espírito de equipa, mais sentido de propósito – tudo para ser mais ágil”. A capacidade de alavancar a tecnologia para melhorar serviços, a adaptação a um novo mercado, a possibilidade de captar novos mercados ou reduzir custos vai continuar a ser decisiva. Razões que levam Daniel Traça a concluir que “quem não está a pensar no futuro, está no passado”. Qual a mais importante lição a reter com a pandemia?

Fonte: PHC Software